Quem
sabe do caráter demagogo da presidente Dilma não se surpreende
quando ela aparece em rede nacional para anunciar o grande feito do
governo: a diminuição da conta de luz. Eis a demagogia
do Governo Federal, que ataca uma questão secundária e deixa as
fundamentais sem solução. Trata-se de uma estratégia para que a
Dilma não fique associada ao apagão nas próximas eleições
presidenciais. Enquanto isso, o trabalhador morre nas filas do SUS
(Sistema Único de Saúde) e deixa de produzir riqueza para o país.
O empresário é sufocado pela carga tributária abusiva e deixa de
produzir riqueza também. Mas está tudo bem para a presidente, desde
que ela engane o povo com promessas furadas e garanta sua reeleição.
O
problema é que esta demagogia é o berço dos políticos que
parasitam a sociedade, deixando-a doente. A sucessão de erros na
tragédia em Santa Maria, RS, em que mais de 200 brasileiros foram
mortos num incêndio, não deixa dúvidas quanto aos principais
responsáveis: os políticos demagogos. O que falhou lá foram as
leis brasileiras, as quais são feitas por eles e em proveito deles.
É
certo que, se esta classe política não for expulsa do poder, muitos
mais inocentes vão morrer, das mais diferentes e injustas formas.
Morrerão nas filas dos SUS, em incêndios por negligência,
atingidos por balas perdidas etc.
Em
agosto de 2010, na sua coluna no Estadão, Rolf Kuntz já indicava o
caminho que a presidente tomaria antes mesmo de ser eleita, deixando tudo como está e
piorando a vida dos brasileiros. Dito e feito:
"Só
faltam vaquinhas alpinas
18 de agosto de 2010 |
7h43
Rolf Kuntz
Nem a neve faltou, neste
ano, para realçar o jeitão suíço da campanha eleitoral. Quem
acreditar em qualquer dos três principais candidatos não pode ter
dúvida: falta pouco para o Brasil se tornar um tranquilo rincão
alpino, já com uma forte base econômica e sem grandes problemas
políticos e sociais. Não há democracia mais firme, nem grandes
grupos comprometidos com projetos autoritários. Não há contas
públicas mais seguras – vejam a buraqueira fiscal no mundo rico –
e até a lucratividade dos bancos é festejada por antigos
esquerdistas. Sem outras grandes preocupações, talvez algum bando
de ultradireita comece uma campanha contra imigrantes pobres – mas
só depois das eleições.
Enquanto isso, os
candidatos mais cotados para a Presidência dedicam-se a recitar
promessas de varejo: distribuição de medicamentos para isto ou
aquilo, mais cirurgias eletivas, bibliotecas para as escolas, mais
professores nas salas de aulas, mais cursos técnicos, mais lazer e
um monte de outras maravilhas. Ninguém prometeu, por enquanto,
imprimir histórias em quadrinhos com tábuas de logaritmos, nem
subsidiar a fabricação de chinelos antijoanetes, mas ainda há
tempo para isso.
Talvez os candidatos
estejam certos. O governo continua com mais de 70% de aprovação, a
economia cresce, a inflação parece acomodada e discussões mais
complexas podem aborrecer os eleitores. A qualidade do regime não é
um grande assunto no Brasil e as condições na economia nos próximos
dois ou três anos são um tema abstrato e fora do repertório comum.
As disputas mais duras,
até agora, têm escorregado para a comparação entre os governos
Lula e FHC. O candidato José Serra não conseguiu evitar essa
armadilha, embora tenha adotado, há pouco tempo, uma estratégia
mais agressiva em relação ao governo petista. Quando a conversa vai
para as comparações, ele e sua adversária Dilma Rousseff se
empenham na enumeração varejista dos feitos de cada presidente.
Ninguém discute seriamente as questões de maior alcance e menos
populares, como a orientação das políticas de longo prazo e a
pauta de reformas. A candidata Marina Silva, promissora no começo da
campanha, perdeu parte do impulso e participa do jogo da miudeza –
quando não recai na conversa monotemática da política
ambientalista.
O eleitor mais informado
e mais preocupado com a democracia e com a segurança econômica de
médio prazo tem motivos para sentir-se no escuro e em zona perigosa.
Quem valoriza as liberdades democráticas deve ter na memória os
ataques dos últimos anos – as tentativas de controle da imprensa,
ainda não abandonadas, o recurso abusivo às medidas provisórias, o
estímulo ao peleguismo, a cooptação dos chamados movimentos
sociais, o aparelhamento do governo e o loteamento de cargos.
Congressistas foram
capazes de neutralizar alguns desses assaltos, mas também foram
omissos em muitas situações. Seria enorme a lista das medidas
provisórias sem a urgência e a relevância requeridas pela
Constituição. Os parlamentares poderiam tê-las devolvido ao
Executivo, liminarmente, mas nunca se organizaram para exercer essa
prerrogativa. Aceitaram, quase sem reagir, a usurpação de poder.
Em relação à economia,
os principais candidatos prometem manter as políticas de
estabilidade fiscal e monetária, o apoio à modernização produtiva
e as ações a favor dos mais pobres. Mas tudo se passa como se não
se acumulassem graves problemas. Não é preciso ser muito atento
para ver a piora do quadro fiscal, o engessamento cada vez mais amplo
das finanças públicas, a carência de infraestrutura, o despreparo
da mão de obra (falta gente em condições até de ser treinada no
trabalho), a erosão do superávit comercial e a rápida expansão do
buraco na conta corrente do balanço de pagamentos. Todos esses
problemas afetam o curto e o médio prazos.
Para
complicar o quadro fiscal já inseguro, o País está comprometido
com a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de
2016. O Tesouro e o BNDES vão intervir, com certeza, no
financiamento das obras – várias delas muito caras e de utilidade
muito discutível, como a do trem-bala. Entre os problemas de longo
prazo alguns se agravam de forma indisfarçável. Os primeiros
números do Censo já confirmam uma nova configuração das famílias.
Diminui a proporção entre contribuintes e beneficiários da
Previdência e será impossível esquecer o assunto nos próximos
anos. Quem se dispõe a discutir essas questões, neste Brasil de
maravilhas onde só faltam as vaquinhas alpinas com o sininho no
pescoço?"
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