quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CORRUPÇÃO PRINCIPIOLÓGICA: TUCANO DEFENDE QUE AS FUNÇÕES PRINCIPAIS DO LEGISLATIVO NÃO DEVEM SER AS DE LEGISLAR E FISCALIZAR


Era de se esperar: parlamentar tucano bom é aquele que não cumpre seu papel de fiscalizar o Poder Executivo (Dilma que o diga). O Brasil está tomado por políticos opinativos tanto no governo como na oposição. Trata-se de uma classe que se caracteriza pela falta de conhecimento principiológico da democracia e apreço pela disputa de poder.

A maioria dos políticos desconhece que as bases políticas e teóricas dos parlamentos atuais derivam dos conflitos ocorridos na Modernidade, sobretudo nas revoluções ocorridas na Inglaterra e França. Não sabem diferenciar uma monarquia absolutista de uma democracia representativa. Não sabem que os parlamentos foram criados justamente para fiscalizar e criar leis em nome do povo no lugar de déspotas absolutistas. No Brasil, por exemplo, a Constituição confere aos parlamentares diversos dispositivos para fiscalizar o Executivo (art. 58 e art.71, por exemplo) . Mas o texto constitucional não é cumprido, uma vez que os parlamentares em geral preferem negociar cargos políticos e participar indevidamente do Poder Executivo.

Assim, não há dúvida de que o Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, deputado estadual Barros Munhoz (PSDB), fez uma declaração infeliz, na qual ele afirma que a principal função do legislador estadual não é fazer leis ou fiscalizar o governo estadual, mas servir de elo entre os prefeitos de sua região e o governador. Ora, este é o modelo corrompido que ocorre na prática, mas que não deveria ser assim. Nesta concepção, o legislador tem sua importância diminuída, servindo de garoto de recados do Executivo. Não há independência, portanto.

Vejamos a notícia do site Consultor Jurídico:


PODERES LIMITADOS

'Parlamentar é cobrado pelo que não pode fazer'


O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado estadual Barros Munhoz (PSDB), disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo desta quarta-feira (13/2) que há um “esvaziamento brutal” do Poder Legislativo e que os deputados não podem fazer leis sobre temas importantes para o cidadão.

'O esvaziamento do Poder Legislativo no Brasil é brutal. Há um predomínio do Executivo. O deputado é proibido de propor leis sobre quase tudo o que é importante. Em 95% [dos casos] o projeto tem que ser do governador. Nós podemos votar 500 projetos de deputados, mas 490 vão ser vetados. O Estado legisla indiretamente, melhorando projetos do Executivo. Essa tem sido a grande performance da Assembleia', afirmou.

Segundo ele, a imprensa desconhece as atribuições dos parlamentares e cobra-os de maneira equivocada. "É extremamente aflitivo ser legislador, porque quase ninguém conhece sua atribuição, principalmente a imprensa. Todo mundo acha que o papel é fazer leis e fiscalizar. A imprensa cobra como se a Assembleia fosse uma padaria: 'Quantas leis foram feitas?' Um dos grandes problemas do país é ter lei demais”.

Para Munhoz, o principal trabalho do parlamentar estadual não é fazer leis ou fiscalizar o Executivo, mas servir de elo entre os prefeitos de sua região e o governador. 'O mais importante dos trabalhos do deputado é a representação da comunidade, ser o elo entre o prefeito da cidade onde ele é votado e o governador, mas ela é ignorada e tachada de politicagem. Vocês querem que a gente faça o que é proibido e não querem que faça o que é obrigado.'

Sobre CPIs, ele afirmou que são pouco produtivas as investigações sobre assuntos em apuração pelo Ministério Público. 'Não adianta nada [CPI sobre assuntos investigados pelo Ministério Público]. A CPI que mais adianta não é para apurar irregularidade, é para apurar causas, consequências. Agora, em todo país do mundo [barrar CPIs] faz parte do jogo político', disse.

Revista Consultor Jurídico, 13 de fevereiro de 2013 ”

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