É sabido que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é
uma grande esculhambação! Quem lhe faz oposição corre o risco de
ser perseguido pelo Governo Federal, como no caso do Procurador
da República Oscar Costa Filho,
processado pela AGU (Advocacia-Geral da União). Diante deste quadro vergonhoso, um
estudante quis testar a credibilidade do Enem escrevendo uma receita
de macarrão instantâneo em sua redação. Resultado: a redação foi considerada
adequada. Vejamos a notícia publicada pelo portal G1:
“19/03/2013
11h00 - Atualizado em 19/03/2013 12h01
'Queria
testar a correção do Enem', diz jovem que pôs receita na redação
Candidato
ganhou nota 560 após escrever um parágrafo sobre o Miojo. MEC
diz que ele foi penalizado por fugir ao tema, mas não anula o texto.
Paulo
Guilherme do G1, em São Paulo
Um
candidato inseriu uma receita de
macarrão instantâneo no meio da redação do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) e obteve 560 pontos na prova (a nota máxima é
1.000 pontos). O estudante postou a prova no seu perfil do Facebook
junto com as justificativas dos corretores do exame com o comentário
'Bela avaliação'. O caso foi destacado na edição
desta terça-feira (19) do jornal 'O Globo'.
Em entrevista ao G1,
o estudante mineiro Carlos Guilherme Ferreira, de 19 anos, disse que
escreveu um parágrafo com a receita 'para testar o novo sistema de
avaliação do Enem'.
A
redação foi considerada "adequada" pelos corretores do
Enem. Segundo o MEC, o texto não apresentou discrepância de nota
acima de 200 pontos entre os dois corretores e não precisou ir para
um terceiro corretor.
A
redação tem os dois primeiros parágrafos dissertando sobre o tema
'Movimento imigratório para o Brasil no século 21'. Em seguida, o
texto diz: 'Para não ficar muito cansativo vou agora ensinar a fazer
um belo miojo, ferva trezentos mls de água em uma panela, quando
estiver fervendo coloque o miojo, espere cozinhar por três minutos,
retire o miojo do fogão, misture bem e sirva.' O texto termina com
mais um parágrafo sobre o tema da imigração.
'Escrevi
a receita para testar o novo método de avaliação dos corretores,
já que falaram que em 2012 seria diferente, a prova passaria por
três corretores diferentes', afirma Ferreira. Ele explica que se
inscreveu no Enem quando estava sem estudar, mas no meio do ano
entrou no curso de engenharia civil do Centro Universitário Lavras
(Unilavras), e resolveu fazer o exame do MEC sem muito compromisso.
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Redação com receita do
macarrão instantâneo recebeu nota 560 no Enem (Foto:
Reprodução/Facebook)
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O
jovem espera que com a repercussão de sua redação inusitada, os
critérios para o próximo Enem sejam mais rigorosos. 'Acho que vendo
essa redação, esse ano a correção vai ser ainda mais rigorosa e
isso é bom né?'
A
redação do Enem
deve
obedecer cinco competências previstas no edital. A realização da
prova de redação deveria cumprir as exigências de cinco
competências determinadas no edital do MEC:
1ª
competência: Demonstrar
domínio da norma padrão da língua escrita.
2ª
competência: Compreender
a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de
conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais
do texto dissertativo-argumentativo.
3ª
competência: Selecionar,
relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e
argumentos em defesa de um ponto de vista.
4ª
competência: Demonstrar
conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção
da argumentação.
5ª
competência: Elaborar
proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando
Na
correção, o estudante recebeu 40 pontos de um total de 200 na
competência V: “Elaborar proposta de intervenção para o problema
abordado, respeitando os direitos humanos”. Segundo a correção da
prova, o candidato atingiu 20% da Competência 5, atendendo aos
critérios definidos a seguir. O participante elabora proposta de
intervenção tangencial ao tema ou subentendida no desenvolvimento
da argumentação.
Em
nota, o Ministério da Educação alegou que 'o texto, em sua
totalidade, não fugiu ao tema, e não feriu os direitos humanos.
Tampouco cabe dizer que o participante teve a intenção de anular
sua redação, uma vez que dissertou sobre o tema e não usou
palavras ofensivas'.
Ainda
segundo a nota, 'o participante dissertou sobre o tema sugerido,
obtendo nota final (560 pontos). No processo de avaliação das
redações, a presença de uma receita no texto do participante foi
detectada pelos corretores e considerada inoportuna e inadequada,
provocando forte penalização especialmente nas competências III
(selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações,
fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista) e V
(elaborar proposta de intervenção para o problema abordado,
respeitando os direitos humanos e considerando a diversidade
sociocultural)'.
Ainda
de acordo com o MEC, a redação em questão possui 24 linhas, sendo
vinte referentes ao tema, atendendo às competências, e quatro
referentes à receita, com o que sofreu severa penalização.
Erros
de português
Redações
que obtiveram nota máxima no Enem apresentaram graves erros de
português, segundo reportagem
publicada nesta segunda-feira (18) no jornal 'O Globo'.
Palavras escritas com erros de grafia como 'rasoável', 'enchergar' e
'trousse' apareceram em alguns textos que ganharam nota 1.000. Também
foram percebidos erros de concordância em algumas redações.
O
Ministério
da Educação explicou
que o texto é analisado como um todo, e o que importa mesmo é que
candidato tenha um excelente domínio do português, mesmo que ele
cometa pequenos desvios gramaticais.
De
acordo com o guia elaborado pelo MEC para explicar a correção da
prova de redação, a nota máxima na primeira competência significa
que apresentou nenhum ou 'pouquíssimos desvios gramaticais leves e
de convenções da escrita'. O erro de grafia em palavras simples e o
fato de que ele não ocorre em várias partes do texto, segundo o
ministério, 'revela que as exigências da norma padrão foram
incorporadas aos seus hábitos linguísticos e os desvios foram
eventuais'.
Cálculo
da nota
A
nota final da redação corresponde à média aritmética simples das
notas atribuídas por dois corretores. Caso houvesse discrepância de
200 pontos ou mais na nota final atribuída pelos corretores (em uma
escala de 0 a 1.000), ou de 80 pontos ou mais em pelo menos uma das
competências, a redação passaria por um terceiro corretor, em um
mecanismo que o Inep chama de 'recurso de oficio'.
Se
a discrepância persistisse, uma banca certificadora composta por
três avaliadores examinaria a prova. Os candidatos poderiam
solicitar vistas da correção, porém não puderam pedir a revisão
da nota.
Dados
divulgados pelo MEC em janeiro mostraram que 4.113.558 redações
foram corrigidas no exame deste ano, e 826.798 entraram no sistema de
terceira correção.
Ainda
de acordo com o MEC, 1,82% das redações foi entregue em branco e
1,76% teve nota zero, o que acontece caso o estudante quebre uma das
regras da prova (como escrever com caneta preta, com um número
mínimo de linhas ou copiar os textos usados como base). Das mais de
826 mil redações com discrepância, 100.087 redações, após a
terceira correção, foram encaminhadas ainda para uma banca
examinadora, caso previsto para as provas que mantêm uma
discrepância mesmo após a terceira correção.”
PS. Depois deste caso do
miojo, foi divulgado no portal G1 outro caso absurdo, em que um
estudante inseriu em sua redação o hino do Palmeiras e foi aprovado (link).